Sabe a frase “Nada se cria, tudo se copia”? Bom, ela tem sido bem levada a sério na televisão norte-americana ultimamente. A lista de remakes, revivals e reboots que a gente tem visto nos últimos anos é infinita e demonstram um certo esgotamento desse meio. Há muito tempo ouvia-se falar de fazer um remake de Dirty Dancing, filme de 1987 estrelado por Jennifer Grey e Patrick Swayze, mas nunca saía nada de concreto. Até que a ABC seguindo a onda da FOX, que fez o especial de Grease no ano passado, resolveu aproveitar que o filme completa 30 anos agora em 2017 e investir na ideia. O tão anunciado remake de Dirty Dancing foi ao ar na TV americana no dia 24/05 e foi recebido de forma muito negativa pelo público em geral. Muito se falou sobre a mudança feita no final do filme, mas esse, para mim, nem foi o grande problema da produção.
Quanto se vai assistir um remake você espera que façam algumas mudanças no filme, mas que a essência da história permaneça a mesma. Isso não é o que vemos em Dirty Dancing (2017). As várias alterações feitas no enredo acabam por dividir o foco do filme, e trama de Baby (Abigail Breslin) e Johnny (Colt Prattes) termina por ter pouco desenvolvimento, o que faz com que o casal perca a força que teve no filme dos anos 80. Dessa forma o filme acaba ficando sem graça e se tornando apenas mais um musical adolescente com histórias fracas e pouco consistentes.

Falando em musical, a escolha de fazer do remake um musical, apesar de mal executada em alguns momentos, foi ótima. Grande parte do sucesso do clássico de 1987 foi devido à trilha sonora maravilhosa do filme, e aproveitar isso pra fazer dele um musical é um conceito excelente. O problema ficou na quantidade de cenas desnecessárias que foram inseridas por causa disso, inclusive músicas que não estavam na trilha sonora original.
As atuações no geral são bem fracas. Abigail Breslin em alguns momentos chega a soar caricata em uma atuação forçada, totalmente não natural. Já Colt Prattes, pra mim foi um erro de escalação. Devem ter feito teste só para canto e dança com ele e esquecido da parte da atuação. O ator não consegue te passar nada em momento algum e o fato dele, mesmo sendo 10 anos mais velho, parecer ter quase a mesma idade de Breslin, acaba contribuindo para a perda da essência do filme. O único destaque no quesito atuação foi Debra Messing, que se encaixou perfeitamente na pele de Marjorie Houseman. O personagem, que teve pouco destaque no filme de 1987, ganhou mais espaço na versão atual e a atriz soube captar bem a alma do papel que fora vivido por Kelly Bishop.
Agora a parte mais importante que, pra mim, pesou e comprometeu o filme. Dirty Dancing é um filme sobre dança, inclusive deixa isso claro no nome. Então, era imprescindível que as coreografias desse filme fossem bem executadas e tão marcantes quanto a do original. Ao invés disso, o que temos é mais do mesmo que é visto em geral nos musicais, nenhum passo mais complicado ou elaborado, com exceção do famoso salto, que ganha uma versão bem sem graça. Inclusive a coreografia final é quase toda modificada, o que mata o filme.

Dessa forma, a impressão que fica é que os produtores não tiveram o menor cuidado e respeito com a trama original. Simplesmente costuraram um monte de novas histórias no roteiro, e saíram filmando. Parece mais um musical inspirado no filme, do que um remake da produção de 1987. Em relação ao tão comentado final, só tenho a dizer que não foi nada que comprometesse o enredo, apenas optaram por não deixar em aberto como o filme original fez.
Nota: 3,1
Lançamento: 24 de maio de 2017
Direção: Wayne Blair
Roteiro: Jessica Sharzer
Gênero: Musical / Romance
Distribuidora: ABC