A crítica a seguir foi feita em conjunto por Anna Castro (negrito) e Livia Corcino.
Love Film Festival tem sua estréia nos cinemas nacionais agendada para o próximo dia 27/08, alguns anos depois de sua primeira exibição no Festival do Rio 2014. O filme foi rodado ao longo de seis anos, em diferentes localidades e passando por diferentes festivais de cinema. Love Film Festival é o primeiro longa da roteirista e diretora Manuela Dias, autora das minisséries Ligações Perigosas e Justiça.
Temos aqui um filme que conta a história de amor, de uma maneira desencontrada e passada em vários anos, de Luzia (Leandra Leal) e Ádrian (Manolo Cardona), dois jovens envolvidos no universo cinematográfico, sendo ela uma roteirista e ele um ator. O que ocorre aqui é que a trama foi gravada em quatro países diferentes: Brasil, Estados Unidos, Portugal e Colômbia, para acompanhar as diversas atividades que ambos exercem ao longo de suas carreiras, sendo premiações e festivais eventos constantemente retratados (isso explica o título do filme).

O ritmo do filme é acelerado, porém de uma maneiro boa para acompanhar. Os acontecimentos são sucessivos, os momentos de “pausa” na história são raros. Tais momentos são geralmente usados nas narrativas para que o público possa relaxar até o instante que novos atos importantes, e que exigem a máxima atenção, sejam executados. Em Love Film Festival, tudo é imediato, os atos são conectados e guiados por uma noção temporal bem definida, onde a marcação de anos é feita periodicamente para situar o espectador da longevidade da história.
Esse ritmo acelerado também prejudica um pouco a história desenvolvida. Mal somos introduzidos aos personagens e eles já estão se apaixonando, corta para o próximo festival e eles estão brigando. O público perde partes da história e isso gera um estranhamento, que faz com que ele não consiga se relacionar com nenhum dos personagens. E essa identificação do público com os personagens é importante quando se propõe a contar uma história de amor, por mais real que ela venha a ser. O objetivo, normalmente, é fazer o público se envolver e se apaixonar pela história.
Justamente essa demonstração constante de quantos anos se passam (no total a trama ocorre, diegéticamente, em 7 anos) pode ser considerada uma falha no filme. Isso se torna cansativa em certos momentos, porque há a impressão de que as idas e vindas dos casais são tão repetitivas e que não é necessário que mais dois anos se transcorram para que ocorra tal acontecimento.
Além desse ponto, o romance é explorado de maneira excessiva. Elogios, apegos e beijos são numerosamente exibidos em tela. Para o público que se agrada com o gênero, o encantamento é certo. Entretanto, aqueles que não são tão fãs e foram assistir ao filme por outras razões, como a variedade de paisagens e o grande casting, podem se incomodar um pouco, mas nada que não possa ser relevado. Tocando no ponto do castings, vemos aqui atuações bem sólidas: os protagonistas desenvolvem bem os seus papéis, sendo Leandra Leal o grande ponto de destaque. Existem cenas em que sua performance é forte, é percebida a doação da atriz para com seu papel.

Definitivamente, o período do filme filmado nos EUA, quase ao final do filme, é o mais solido em questão de atuações. Não que não se tenha grandes momentos de atuações antes, mas, a princípio, parece tudo muito artificial. Talvez, pela opção de filmar ao longo dos anos, os primeiros anos de filmagem tenham sido prejudicados pela falta de entrosamento entre os atores.
Além dessa evolução no entrosamento entre os atores, é interessante ressaltar também o crescimento individual dos mesmos. É possível perceber que tanto Leandra Leal, quanto Manolo Cardona e, até, Nanda Costa, tiveram uma atuação muito mais consistente nos anos finais em que o filme foi rodado.
Os temas abordados são em geral como conciliar a vida profissional e amorosa, sendo permeada com dificuldades como traição e falta de comprometimento. Em geral, o filme é bom, a trilha sonora se encaixa bem, tem uma fotografia bonita e montagem interessante. Em alguns pontos, como o ritmo e marcação de tempo, a qualidade técnica cai um pouco, mas não causa grandes danos para a narrativa como um todo. Portanto, é um filme que vale a pena: leve, fácil de acompanhar e bonito de se ver.
Love Film Festival conta uma história de amor um tanto quanto tóxica e problemática. Algo que podemos relacionar com os outros trabalhos de Manuela Dias, mencionados anteriormente. Apesar disso, é um filme leve, com um roteiro simples que deixa um ar meio “água com açúcar”.
Nota: 7,5
Nota: 6,0
Título |
Love Film Festival (Original) |
Ano produção |
2014 |
Dirigido por |
Manuela Dias |
Estreia |
27 de Julho de 2017 (Brasil)
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Duração |
100 minutos |
Distribuidor |
ArtHouse |
Gênero |
Romance
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Países de Origem |
Brasil
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