Escrito e gentilmente cedido por João Victor Lopes
O cinema nos proporciona coisas incríveis. Somos constantemente envolvidos em emoções, sensações e desejos que nem sabíamos que tínhamos, e por muitas das vezes levamos “pedaços” dos filmes conosco, uma cena marcante, uma frase, até mesmo algo que visualmente te marca. Em La La Land – Cantando Estações nós temos a sensação de que não gostaríamos que o filme acabasse, pois ele consegue sutilmente envolver-nos de uma maneira, que de repente estamos completamente submergidos a trama e indiscutivelmente fascinado com os rumos que La La Land toma. Tudo isso torna a experiência de assistir ao filme inesquecível.
La La Land – Cantando Estações conta a história do jovem pianista Sebastian (Ryan Gosling), que casualmente conhece a também jovem atriz Mia (Emma Stone) e então os dois se apaixonam perdidamente. Ambos muito sonhadores vão em busca de seus objetivos, mas ao mesmo tempo em que seu relacionamento vai se aprofundando, os dois tem carreiras muito competitivas, e então se veem no dilema de buscar o sucesso e a fama sem deixar que isso atrapalhe a relação.
Olhando prematuramente a sinopse, ela tem a leve tendência de ser taxada como clichê ou simplista demais, entretanto há nessa obra uma inúmera conjunção de fatores que tornam La La Land um dos favoritos ao Oscar 2017, não atoa o filme levou SETE estatuetas no último Globo de Ouro, tornando-se recordista da premiação
O filme inicia apresentando seu contexto logo de cara, e é onde conhecemos Sebastian e Mia. Somos primeiro apresentados ao ponto de vista dela, Mia, a atriz que batalha a muito tempo, fazendo teste atrás de teste, e ganhando apenas frustração como recompensa. Logo após é a vez de Sebastian, um pianista exemplar e apaixonado por Jazz, que sonha em salvar a sua música tão amada.
Neste início o filme já tem o seu tom estabelecido, vários elementos já foram apresentados e irão ser desenvolvidos. Já nos aspectos técnicos e artísticos o filme é majestoso, do início ao fim. Existem duas cenas que me chamaram bastante a atenção, uma envolvendo o Ryan Gosling e outra a Emma Stone. A primeira é quando vemos o personagem Sebastian tocar piano pela primeira vez, ela tem uma edição com cortes curtíssimos de ações/imagens extremamente rápida o que nos agonia e passa o que o personagem sente na hora. Me lembrou bastante o filme Réquiem para um sonho (2000). A outra, que envolve a Mia, é de pura arte. A cena usa cores marcantes para destacar a diferença entre Mia e suas amigas, onde as quatro estão andando na rua e elas tem roupas com cores diferentes e únicas, o que ajudam na história e fica visualmente muito bonito.

Aliás, La La Land tem em seu design de arte um ponto altíssimo. Cenários, como quartos e salas são perfeitamente construídos e também contam uma parte da história. O figurino também é outro elemento dá um tom clássico, elegante e nostálgico ao filme, já que ele conta com pequenas referências a outros musicais clássicos de Hollywood.
A direção do Damien Chazelle é ótima, ele que já dirigiu Whiplash (2015), tem aqui tomadas de decisões incríveis, que permitem La La Land ser um espetáculo visual incrível. As músicas e danças são utilizadas em momentos contundentes e nada mais são do que metáforas que reproduzem o momento que o casal está passando e permite ao público entender o sentimento dos nossos protagonistas. Falando sobre as músicas, o diretor usa planos abertos e em sequência para que visualmente fique perceptível toda plasticidade, beleza e verdade nos movimentos dança.
As atuações do Ryan Gosling e da Emma Stone estão fantásticas, o carisma inigualável dos dois é perfeito para o filme e determina o funcionamento geral das coisas. Eles entendem otimamente o âmago dos seus personagens. Ele transparece todo amor do Sebastian para com o Jazz, ela por sua vez, desenvolve trejeitos dramáticos muito bem feitos. O J.K. Simmons e John Legend tem participações pequenas demais para serem muito avaliados aqui.
Se você tem uma amiga ou amigo, pai, irmã ou namorado que gosta de filmes, mas tem aquele velho preconceito com musicais. Leve-o(a) para assistir La La Land – Cantando Estações, o filme é sutil, tem elementos que o tornam lindo, em atmosfera e visualmente, é delicadamente engraçado e divertido, e por fim, tem um final … DAQUELES … não falo mais nada para não dar spoiler.
La La Land é doce, refinado sem ser esnobe e verdadeiro com seu público, uma favoritíssimo em todas as premiações do ano, vale muito a pena correr pro cinema mais próximo de você.
NOTA: 10
Lançamento: 19 de Janeiro de 2017 (Brasil) / 9 de Novembro 2016 (EUA)
Gênero: Comédia Musical / Romance
Diretor: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Distribuidora: Paris Filmes