“Pendular” conta a história de um casal de artistas – um escultor e uma bailarina – que passam por situações complicadas e uma degradação em seu relacionamento. A trama se acontece, majoritariamente, em um espaço em que ambos dividem para trabalhar – ele para criar esculturas, ela para dançar. Vez ou outra, adentram na história um grupo de amigos, alguns companheiros de trabalho, mas tudo é centrado no casal, sendo que a focalização maior se dá para ela.
O que podemos notar aqui é uma grande valorização do corpo, do equilíbrio, do movimento e da criação artística. A estética parece ser algo extremamente valorizado, sendo a fotografia, a arte, a iluminação e a composição dos planos bem trabalhada: oscilando desde espaços amplos e vazios – o que pode, ao meu ver, refletir no estado de espírito das personagens – até locais mais fechados e densos. O som é intenso e límpido, chegando a incomodar em algumas cenas de tão bem captado.

Apesar dessa construção visual interessante, o filme peca muito no sentido narrativo. O roteiro parece explorar nada mais do que o cotidiano do par, o que poderia ser feito de forma fascinante, uma vez que o cinema de arte busca fugir dos modelos tradicionais e explorar aquilo que muitas vezes passa por despercebido nas produções de massa. Todavia, isso é feito de uma maneira um tanto quanto desajustada, em que o público pode se pegar esperando por uma resposta, uma motivação ou algo que construa uma relação entre tais cenas. Mas ela não vem.
Apesar de ter seus simbolismos, seus objetivos artísticos e ser um tanto quanto fora da curva, “Pendular” não foi (ao meu ver) uma onda de inspiração que relembrou como o cinema fosse é arte em si. Sim, algumas cenas, como quando a protagonista dança sozinha pelo galpão, se entristece e chora ao encarar um ventilador em movimento, são originais, bonitas, mas logo em seguida são restituídas por tomada desconexas, obedecendo sempre a uma montagem muito lenta.

Porém, em certos aspectos, como a relação entre o casal, o caráter impositivo do homem, o empoderamento dela, a forma como ele toma espaço da companheira – tanto físico quanto psicológico – aos poucos, são tiros certeiros, fazendo com que a produção possa sim valer a pena, se analisada pontualmente.
Pendular é, por si, um movimento contínuo e repetitivo. A significação da palavra se espelha no filme: Devagar, definido, com um diferencial em atuação e objetivos. Visto tudo isso, o filme pode sim agradar a um conjunto de espectadores, mas que certamente serão poucos.
