A Disney vive um momento completamente peculiar em toda a sua história. O século XXI trouxe enormes mudanças comportamentais para a nossa sociedade, maior igualdade para a mulher, quebra de paradigmas femininos e inclusão de minorias étnicas como parte importante de qualquer sociedade. Em “Moana – Um Mar de Aventuras” temos tudo isso incluso no pacote, além é claro de uma boa dose de diversão.
Em 2009, a Disney trouxe para seu público a primeira princesa negra, com o filme “A Princesa e o Sapo”, já em 2013, com “Frozen”, nos mostrou uma princesa que preteriu seu grande par romântico em escolha ao amor fraternal, e Moana é mais uma aposta dos Studios Disney em se mostrar atento ao comportamento da sociedade e assim alcançar mais pessoas com seus filmes.
Moana é uma jovem, filha do Chefe da ilha onde sua tribo habita. Ela é descendente de antigos navegadores, e incentivada pela sua avó, vai atrás de seus objetivos para salvar sua família e tribo. Nessa jornada, acompanhada do semideus Maui, ela percorre caminhos perigosos e enfrenta criaturas do submundo.
A premissa mitológica é muito bem apresentada, há muitos elementos que auxiliam no desenvolvimento desta. Mesmo com um início quase que protocolar, é muito interessante descobrir um pouco mais sobre a cultura polinésia.
É marcante como temos aqui um padrão Disney muito bem apresentado, o fato de termos um musical animado pode causar certa rejeição do público, porém há uma quebra de expectativa muito bem utilizada pelos diretores. O início do filme conta com músicas cantadas ao estilo clássico, onde os personagens cantam do nada. Sabendo que este estilo não é mais o que agrada o grande público, a entrada de Maui é propositalmente onde há uma mudança nesse estilo, o filme jamais deixa de ser um musical, só que agora, o humor entra como arma de suavização de um possível desgaste.
Outra marca bastante positiva nessa produção é a sua personagem principal. Altamente feminina, é quase a personificação do “Girl Power”, porém o filme não diminui o que está a sua volta, por isso, Moana é conceitualmente incrível, ela não necessita de um amor, de um par (A primeira da história da Disney), ela já encontra força, auto-estima, confiança e determinação em si mesmo e em sua família, e isso basta. Temos a melhor quebra de paradigma na construção de uma “Princesa” da Disney.

Visualmente o filme acerta em quase tudo, desde o hiper realismo das florestas, água e frutas até no visual amedrontador do seu principal monstro. O filme usa muitas imagens que constroem na mente do telespectador a cultura local, as tatuagens são os melhores exemplos disso.
As vozes dos personagens (Eu assisti em áudio original) são um elemento bastante importante em animações e particularmente aqui a produção de Moana acerta de mão cheia. A maioria do elenco conta com atores/dubladores pertencentes à cultura que o filme nos apresenta. O Chefe Tui, pai de Moana é dublado pelo neozelandês Temuera Morrison, os também neozelandeses, Rachel House e Jemaine Clement dublam respectivamente a avó de Moana e um caranguejo que vive no mundo dos monstros. Todos eles dão, com suas vozes e sotaques da Oceania, uma verossimilhança talvez não encontrada com atores estadunidenses. A própria Moana é dublada por uma americana, a jovem Auli’i Cravalho, mas que o próprio nome sugere, é originária do Havaí, portanto mantendo-nos imergidos de vozes originalmente polinésias. As presenças hollywoodianas do elenco estão por conta de Dwayne Johnson, o “The Rock” (Maui) e Nicole Scherzinger (Sina, a mãe de Moana).
Provavelmente um dos poucos erros do filmes está no uso excessivo do mesmo tipo de humor, o físico e também o que envolve os animais de estimação da nossa protagonista. Há também um exagero em alguns momentos em infantilizar demais certos aspectos do filme, o que subjuga o entendimento das crianças sobre o filme.
Moana é um filme corajoso para o padrão Disney clássico, mas totalmente dentro da atual conjuntura em que o estúdio se colocou. Ele nos trás bastante diversão, com uma protagonista forte e determinada, pronta pra inspirar mulheres e meninas, Moana é um boa pedida para esse início de 2017.
Nota: 7,0
Lançamento: 23 de Novembro de 2016 (EUA) e 5 de Janeiro (Brasil)
Gênero: Animação
Diretor: John Musker / Ron Clements
Roteiro: John Musker / Ron Clements / Taika Waititi / Jared Bush
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures