Dan Brown tem mais uma de suas obras adaptadas ao cinema. Depois de Código da Vinci e Anjos e demônios, chegou à vez de Inferno ganhar a sua adaptação. A franquia capitaneada por Tom Hanks é bastante conhecida pelo público em geral, já que é baseada nas famosas obras do autor norte americano. O que automaticamente aumenta o nível de rigorosidade exigida pelos fãs, tantos dos livros, como dos filmes.
Em Inferno somos situados na cidade Florença, Itália. É onde o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks) acorda com um ferimento na cabeça, provocado por um tiro de raspão. Antes que pudesse entender alguma coisa, Langdon já é atacado por uma assassina de aluguel, mas foge a ajuda da médica Sienna Brooks (Felicity Jones). Após isso, a médica o leva para sua própria casa. Devido à falta de memória de Robert, que não lembra nada das últimas 48 horas, Sienna ajuda-o a tentar entender o que está acontecendo. Durante tal processo, o simbologista acha um frasco onde apenas a sua digital pode abri-lo. Nele há um artefato que inicia uma busca incessante pelo universo de Dante Alighieri, o autor de “Divina Comédia”, e os dois juntos buscam entender o porquê Robert Langdon está em Florença e porquê o perseguem.
Temos de ressaltar a dificuldade encontrada pelo diretor Ron Howard e o roteirista David Koepp em mais uma vez adaptar uma obra de Dan Brown. Após as criticas negativas que Anjos e Demônios recebeu, esperava um mudança na abordagem da história, entretanto, por mais que Inferno seja melhor que os dois filmes anteriores na franquia, ele ainda não pode ser considerado um êxito total.
O arquétipo do filme é exatamente o mesmo dos outros, mas aqui é executado com consistência. A apresentação do contexto te causa algumas duvidas e a partir dali você já sente a necessidade de comoçar a investigar o que está acontecendo. Quando a ação se institui no roteiro, a sensação é que vamos caminhar rumo a um ótimo suspense policial, já que logo no início recebemos informações importantes, há uma morte que parece ser importante, um roubo que leva a história pra uma nova direção, tudo isso te instiga de fato, te alimenta o desejo de saber mais. Mas é quando a vibe está boa, o roteiro e a ação não te entregam o que você quer, ou pelo menos não de uma maneira satisfatória. O ritmo do filme fica lento demais, já que o roteiro se auto explica o tempo todo, subestimando completamente a capacidade as pessoas em fazerem ligações entre cenas diferentes, fazendo os atores, a cada momento, fazerem mini resumos de em que pé a trama está. Assim como a ação, que se torna previsível demais e não anima, nem empolga.
Sem spoilers aqui, mas há um bom twist (é uma mudança radical na direção esperada ou prevista da narrativa) no roteiro, e que de fato pega o expectador de surpresa, porém mais uma vez o roteiro peca no excesso de explicações. Apesar disso tudo, o terceiro ato do filme é melhor que os demais, o que finaliza o filme em tom melhor, onde a ação passa a ser mais instigante e o roteiro um pouco mais fluido.
A ambientação é ótima, assim como a fotografia. Temos a reação sensação da mudança de ambientes e do tamanho das localidades. São ótimas tomadas em planos abertos e fechados, destacando os detalhes arquitetônicos.
O elenco é bem escalado. Ninguém aqui mereceu Oscar, mas ninguém mereceu Framboesa de Ouro. Omar Sy (que interpretou Christophe Bruder) está muito bem, sólido, mas aparece pouco. Felicity Jones é a melhor no filme, exceto os momentos toscos do roteiro, ela passa verdade e suaviza os defeitos do roteiro. Bem Foster, interpreta um vilão com ideais muito fortes e convictos, e o ator consegue explorar bem essas nuances no pouco tempo de tela que lhe é dado. Irrfan Khan é sólido, imponente e enigmático, entende bem a proposta do seu personagem. Talvez a grande decepção seja o protagonista Tom Hanks, que demonstra não estar mais tão a vontade no papel do simbologista, fez apenas o básico, parecendo até em certos momentos automatizado.
A direção de Ron Howard usa muita a câmera tremida na ação, que é inconsistente, assim como o ritmo do filme, Os planos sequência são confusos, a câmera é mal posicionada. O nível se mantém quase o mesmo dos filmes anteriores.
Inferno de Dan Brown é um ótimo livro, o que definitivamente não podemos dizer de Inferno de Tom Hanks, mas é fato que devemos avaliar o objetivo escapista da obra. Que mesmo se levando a sério, não consegue produzir, por distintos motivos, um trabalho do tamanho de seu potencial. Fica mais uma vez a sensação de que o cinema talvez não seja o lugar das histórias de Dan Brown.
Nota: 5,4
Nome original: Inferno
Lançamento: 13 de Outubro de 2016
Gênero: Suspense/Policial
Diretor: Ron Howard
Roteiro: David Koepp
Distribuidora: Sony Pictures