Assassin’s Creed é mais uma tentativa das produtoras de filmes em transformar um game de sucesso em um filme que faça bastante dinheiro e que também tenha uma boa qualidade cinematográfica. É notável de que a qualidade dos filmes vem juntamente com as tentativas, aumentando. Warcraft (2016) tem qualidade cinematográfica bem superior a Super Mario Bros. (1993), porém o cinema ainda não conseguiu adaptar um game que entregasse o alto nível esperado por fãs dos jogos, cinéfilos e críticos.
Em Assassin’s Creed vemos a descoberta de Callum Lycnh (Michael Fassbender) sobre seu passado. De que ele é descendente da Ordem dos Assassinos, e que por isso sua vida era de muita importância, pois apenas ele poderia reviver as memórias do seu ancestral espanhol, que viveu no século XV. Após muito aprendizado, com a ajuda da Dra. Sofia Rikkin (Marion Cotillard), Callum está pronto para enfrentar os templários nos dias de hoje e alcançar seus objetivos.

O início do filme é ligeiramente acelerado e confuso para quem não é familiarizado ao jogo da produtora de games, Ubisoft. Porém já vale ressaltar que o filme inicia com uma ótima sequência de cortes rápidos e curtos, dando dinamismo e mostrando um belo potencial artístico a obra.
O ritmo do filme nos seus primeiros 40 minutos é mal conduzido, há muitos diálogos engessados, onde é nítido que estão ali apenas como forma de explicar o que está acontecendo, certa vez ouvi o crítico de cinema Tiago Belotti dizer, “me mostre e não me conte”, é nisso que o filme peca. Diálogos mal encaixados, ação fraca e mal editada dão um ar de confusão a esse início.
Mais uma vez digo, que uma das principais peças para se fazer um bom filme é o seu roteiro, e em Assassin’s Creed o roteiro é bem precário em estabelecer as relações pessoais entre os personagens. O estabelecimento da mitologia é, mesmo com defeitos, bem feito, você consegue entender as motivações dos personagens principais, porém as motivações dos secundários são completamente ignoradas e o filme subentende já ter explicado quando na verdade ele apenas indicou o caminho sem muito mais ter feito. Sem contar com a presença infeliz de frases feitas e diálogos cafonas.
A trilha sonora é inconsistente. Existem duas grandes sequências de ação no filme onde a trilha seria de suma importância. Na primeira delas a trilha é baixa, calma, quando na verdade a cena é frenética e muito bem coreografada, em determinado momento a cena perde sua importância e se torna chata pelo mau uso da música. Já na segunda, a música melhora, já são notas mais graves e num ritmo mais frenético. Porém em momento algum a trilha sonora passa a noção de urgência que o roteiro quer passar, isso é decepcionante em um filme de ação.
A direção do Justin Kurzel mostra certa inventividade no uso da câmera, há um ou dois floreios no posicionamento da câmera que são em favor da história e tornam o filme visualmente bonito. Como já dito anteriormente, a ação é bem coreografada, bem plástica, há sequências muito boas, e mesmo o fato de terem ações absurdas e ilógicas, essas sequências conseguem te engajar o suficiente para te divertir. Algo que ajuda muito para isso são os figurinos impecáveis e a ambientação do século XV, tudo muito parecido com o jogo em si.
O elenco de altíssimo nível é severamente prejudicado pelo roteiro. Todos mostram bastante esforço nas interpretações, mas nem isso é o suficiente. Temos um vilão canastrão demais e sem o menor desenvolvimento, o que atrapalhou muito o trabalho do Jeremy Irons. Marion Cotillard faz uma personagem um tanto quanto genérica e que não demonstra força e empatia para uma pessoa com tanta responsabilidade. Aliás, a falha mais grave do filme é que ele não te municia de elementos para se importar com os personagens. Michael Fassbender está estranho devido ao roteiro, todo seu esforço é visível, porém ele nunca consegue chegar a um nível ideal.
Assassin’s Creed provavelmente irá agradar mais aos fãs da franquia do que a pessoas que nunca jogaram o game (Assim como eu), porém novamente uma adaptação dos videogames tem como ponto fraco o roteiro. Ainda não foi a vez dos fãs de jogos terem um filme a altura da diversão que sentem com um controle na mão.
NOTA: 4,9
Lançamento: 12 de Janeiro de 2017 (Brasil) / 14 de Dezembro de 2016
Gênero: Ação / Aventura / Ficção Científica
Diretor: Justin Kurzel
Roteiro: Adam Cooper / Michael Lesslie / Bill Collage
Distribuidora: Fox Film do Brasil