A co-produção brasileira, sendo um dos filmes – senão o mais – alternativos dentro da categoria dos melhores filmes, “Me chame pelo seu nome” é um longa dotado de charme, e, pode-se dizer, uma pitada de existencialismo.

O filme conta a história de Elio, um adolescente que vive um amor de verão, em meio a férias em uma casa no norte da Itália. Pode-se dizer que o filme é esteticamente muito bonito, de uma composição suave aos olhos: figurinos charmosos dos anos oitenta, ambientação sutil, sempre ao sol e em meio a uma natureza que relaxa, fazendo querer viver para sempre nesse estádio de ócio e prazer. Toda a rotina da família de Elio, que recebe, a cada verão, um acadêmico, é quebrada com a chegada de Oliver, que chama a atenção de todos: seja por sua beleza clássica ou por sua inteligência acadêmica afiada.
A construção da aproximação entre os personagens principais parece ser nada mais do que uma rotina de férias. Em meio a passeios, leituras, banhos de rio e festas, Elio e Oliver começam a tecer aquilo que motiva a trama: um romance aparentemente proibido e improvável. Aqui noto um modo de viver um tanto quanto existencialista, ao passo de que não parece ter um objetivo a ser focado: cada passo é um momento de vida e uma ação a ser aproveitada ao máximo.

Apesar do ritmo do filme ser positivo no quesito de fugir do padrão, em que os acontecimentos se passam de uma maneira quase que despreocupada com o andamento da narrativa, o roteiro se mostra, nesse quesito, um tanto quanto extenso. Alguns ciclos são repetitivos e cansativos para quem assiste. Demasiadas são as voltas em silêncio, os sorrisos contidos e olhares trocados entre eles. Isso pode ser encarado como algo poético (sim, o filme foi por muitos considerado como uma obra prima), porém, para certa parte do público, pode parecer uma espécie de extensão desnecessária, até que um desfecho realmente se mostre a acontecer.
Em relação à trilha sonora, em geral se encaixa muito bem com a produção, sempre acompanhada de uma fotografia e iluminação que buscam criar esse ambiente de verão italiano e vintage. É notada a presença de planos sequência corajosos, longos e com movimentos de câmera que não buscam esconder o que realmente se passa.

Em geral, Me chame pelo seu nome é, sim, um bom filme, porém que requer um olhar mais atencioso e paciente, no quesito de desfrutar da história da maneira que nos é dada: como uma produção delicada, nostálgica e que se costura sem nenhuma pressa de satisfação imediata.