É o sexto filme e o terceiro reboot do Homem-Aranha em apenas quinze anos. Uma boa definição para um novo filme do teioso , seria dispensável. Entretanto Homem-Aranha: De volta ao lar (Homecoming) consegue ser divertido e bem construído ao se integrar no Universo Marvel dos cinemas.
Dessa vez sem precisar contar uma história de origem, já que o tão pouco tempo de intervalo entre os filmes faz com que o público já esteja cansado de ver tais informações na tela, o roteiro já pressupõe que o Tio Ben morreu e Peter Parker já foi picado pela aranha radioativa e já conhece boa parte do seu novo potencial atlético. Isso dá certa liberdade criativa para que o roteiro desenvolva bem o Peter Parker e o inclua dentro da sua própria vida de adolescente, há um equilíbrio quase perfeito entre Peter Parker/Homem-Aranha.

O filme consegue se situar muito bem no universo Marvel. Se inicia antes de Guerra Civil, passa pela própria Guerra Civil, mas só se desenvolve após a Guerra. A primeira cena trata de nos apresentar a Origem do vilão do filme, o Abutre (Michael Keaton), que ocorre logo após os acontecimentos de Vingadores (2012). A passagem pela Guerra Civil não será descrita para não estragar a surpresa de como o roteiro resolve muito bem o fato de ser um adolescente fazendo algo tão incrível, mas adianto que o resultado é muito bom.
O início do filme é muito bom, logo de cara, toda sua estruturação será de um filme comum de high school, sendo bastante divertido e engraçado. A dinâmica de grupo é rapidamente apresentada e desenvolvida. A possibilidade de desenvolver bem o Peter Parker, permite ao filme dar mais tempo a interação do herói com personagens secundários, tornando-o de fato um adolescente imerso na sua própria vida, e não um cara distante e desconexo desse mundo, mostrando que o problemas e dramas do personagem não estão só no seu lado heroico, mas muito também no seu lado adolescente.

É interessante destacar que temos aqui o melhor Homem-Aranha/Peter Parker (Tom Holland) do cinema. De longe o mais divertido, o mais enérgico, o que melhor consegue demonstrar o despreparo e a evolução de um herói em construção, o que não faz o filme ser o melhor filme do Homem-Aranha já feito. Há outros personagens interessantes. O melhor amigo Ned (Jacob Batalon) é perfeitamente cômico, tem ótimas piadas e uma participação bastante relevante, o que aumenta a dinâmica “escolar” do filme. Outras duas colegas roubam a cena, Liz (Laura Harrier) e Michelle (Zendaya). A primeira desconstrói o fato da mocinha, garota popular que desconhece o nosso protagonista. Aqui além de saber muito bem quem é Peter Parker, ela reconhece o sentimento e ainda se mostra recíproca. Já a segunda, se mostra uma personagem sagaz, com ótimas tiradas e mostrando um potencial maravilhoso para próximos filmes, muito devido ao ótimo trabalho da Zendaya.
A ação do filme é basicamente operacional. Não tem nada de errado aqui, porém a Marvel já fez coisa muito melhor em filmes piores. Sem contar que a batalha final é confusa, com excessivos cortes, que desnorteiam o espectador. Outro fator negativo é que no fim do segundo ato, o filme perde força e tem uns dez minutos bastante monótonos, o que pode ser um sério problema para fãs mais exigentes. Entretanto, há que se destacar que quando iniciamos o último ato, o filme volta com tudo, se torna dramático, dinâmico e pela primeira vez ameaçador. Drama esse que poderia ter sido levemente alongado, pois deixa na boca um gostinho de quero mais, já que mesmo breve é muito bem feito.

A direção do Jon Watts é também bastante operacional. O diretor se contém em desenvolver muito bem seus personagens. Consegue encaixar a Tia May (Marisa Tomei) muito bem, sem exposição demais e encontra um equilíbrio na participação de Tony Stark (Robert Downey Jr.), ele aparece como mentor, em momento nenhum rouba a cena si, os holofotes são todos do Aranha. E o uso de CGI é contido, específico e nos brinda com o melhor e mais bonito uniforme do herói já visto no cinema.
Homem-Aranha: De volta ao lar é mais um dos filmes Marvel contidos em sua própria história, mas que fazem uma ótima ligação com o universo geral da Marvel. Apesar de descrito como dispensável, o filme agrada. É divertido, empolgante e de fato revigorante, apagando a má impressão que os últimos filmes do personagem deixaram. Aviso aos navegantes. São duas cenas pós-créditos, a primeira não é nada demais, porém a segunda talvez seja a MELHOR CENA PÓS-CRÉDITOS que a Marvel já fez. Fiquem até o final.
NOTA: 7,8
Nome Original: Spider-Man: Homecoming
Lançamento: 6 de Julho de 2017
Direção: Jon Watts
Roteiro: Jon Watts
Gênero: High School / Super-herói / Ação / Comédia
Distribuidora: Sony Pictures